a primeira promessa que não te cumpri

eu sei que não estou cumprindo com a minha palavra. e que eu não faço esse tipo de coisa. mas acho que há uma primeira vez pra tudo. e acho também que esse é o seu grande mérito, você me traumatizou de tal maneira que eu quero ser qualquer coisa que não seja o que eu era quando conheci você, porque talvez assim eu possa evitar outro acidente, mas também porque não consegui evitar em pegar repulsa de tudo que eu era quando permiti que você entrasse na minha vida. e como me perdoar por ter permitido essa catástrofe? eu não me perdoo. então eu me guardei numa gaveta e nela não mexo mais.

eu te disse que voltaria a falar com você após uma semana, mas eu ainda não tenho vontade de falar com você. eu preciso de mais tempo. de mais tempo pra esquecer você. e também quero sentir essa paz que estou sentindo agora por mais tempo. quero continuar distante de você e de todos os conflitos que você me trazia. com você, eu era pesado. sem você, eu sou a melhor versão de mim.

eu seria muito cruel comigo mesmo se tivesse prosseguido com essa ideia de voltar a falar com você um dia antes do dia dos namorados. que bom que ainda me resta um pouco de dignidade. fico pensando em como seria pra mim voltar a lidar com sua distância, indiferença e inacessibilidade na véspera de um dia em que a lógica capitalista espera que signifique algo pra gente. e pra mim, que estou inevitavelmente inserido nessa lógica, de fato significa. significa a minha solidão. significa que nunca deu certo. significa que é mais um ano como todos os outros. que não há ninguém que um dia tenha gostado de mim.

e você também está inevitavelmente inserido nessa lógica.

então que triste teria sido eu me lembrar disso logo na véspera do dia dos namorados. na verdade, vou me lembrar disso de qualquer maneira. porque, há alguns meses, eu planejava que estaríamos namorando nesse dia. mas algumas coisas não saem como esperado. e tudo bem. prefiro me lembrar disso tudo estando sozinho do que com alguém para quem não significado nada, quando tudo que eu queria era significar alguma coisa.

encarar a solidão é coisa de gente adulta. isso é mérito meu. e é o que tenho feito há muito tempo.

ando por aí e não me reconheço e é uma sensação ótima buscar ser meu anti-eu, e ligar o foda-se pra tudo e ouvir mais meus impulsos e comer tudo que tenho vontade, coisa que o Matheus de antes, que ama você, rejeitaria a todo custo. mas Matheus de antes amou você. e isso é suficiente pra que então eu não o escute nunca mais.

ando por aí buscando uma sensação, um enredo, uma aventura, algo que me prove que minha vida não termina com você. nem no meu tédio. na minha vidinha monótona. eu quero sentir coisas novas porque assim a vida se movimenta e eu sinto que você foi embora, mas ao menos não parei no tempo.

amanhã é dia dos namorados. e eu vou ficar bem triste.

mas no dia seguinte quero levantar e definitivamente não olhar pra trás.

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