todo o ódio que eu puder reunir [+18]

eu jurei pra mim mesmo que isso ia acabar. e pretendo fazer valerem as minhas palavras. eu já sabia que ia fraquejar às vezes, que nem sempre conseguiria manter a chama da raiva que eu sinto de você acesa, porque é uma raiva artificial, ela é montada, ela é farsante, eu não realmente tenho raiva de você, mas eu sei que tenho todos os motivos do mundo para ter, então estou me treinando pra isso, e não vai ter sentimento por você que vai se colocar no meu caminho. você não é blindado comigo, você é só um garoto.

eu queria conseguir ferir você sem me ferir de volta na mesma via. infelizmente sempre fui assim, muito empático, enquanto a maioria das pessoas com quem me relacionei nunca tiveram esse cuidado. me relacionei com várias aspas, já que nunca tive um relacionamento sério com ninguém. antes você era alguém em quem eu pensava se me ocorria a ideia de um dia namorar, não imaginava que fosse com mais ninguém além de você. mas hoje, fico me questionando se eu realmente gostaria de namorar você. você e sua indecisão, você que não sabe o que quer, você que se resguarda e não se expõe, você que não fala sobre os seus sentimentos, você que está sempre nesse pedestal, sempre no pódio, você que enxerga numa relação de afeto apenas uma relação de poder e quer se fazer o dominante em todos os níveis. se eu paro por um instantinho pra ser racional, eu acabo concluindo que não gostaria de ter um relacionamento com você, não fossem os meus sentimentos. mas sentimentos um dia morrem. eles não sustentam uma relação pra sempre.

mas tudo bem, porque você também não sabe se teria um relacionamento comigo, então concordamos em bom tom que eu ficaria na geladeira e você ficaria me cozinhando enquanto não decide o que diabos você quer, porque você não sabe, a única coisa que você sabe é que quer manter as coisas como estão, quer manter uma relação de namoro sem chamar isso de namoro e eu me recuso a compactuar com você, com sua frieza e sua instabilidade. sou eu quem vou me machucar depois.

vai ser muito difícil. vai exigir de mim um esforço sobrenatural. mas eu vou matar você dentro de mim. eu vou matar você aos poucos. cada vez que beijar outra boca, cada vez que tocar outro corpo, que eu tiver contato com outras línguas, cada hora contada sem responder as suas mensagens, cada gole de bebida que eu puder trazer aqui pra dentro pra tornar esse gesto de assassinato mais fácil e digerível. eu quero transar com outros caras e eu quero entrar dentro deles e quero que quando entrem dentro de mim, façam isso com violência, pra eu sentir que não está sobrando absolutamente nada de você dentro de mim, que eles estão desintoxicando o meu corpo de tudo que você significou um dia. quero que cada jato de gozo dentro de mim seja como um tiro no seu peito, e depois outro, e depois outro, e depois outro, quero que todos eles sejam acompanhados de um urro animalesco, que significa a total insanidade e descontrole, e que eu não sou mais eu, e não sou mais santo e não sou mais quem você um dia conheceu, até eu confundir tudo dentro de mim e não saber ao certo quem estou tentando matar: eu ou você? eu quero foder e quero foder com tanta vontade que vou esquecer que você um dia ocupou o centro da minha vida. não vai sobrar nada de mim e de você.

só as decepções que você me trouxe ficarão, pra depois contar a história.

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