te amar é a coisa mais difícil que já tive que fazer

um dia isso vai passar, essa sensação ruim de ter que performar pra manter a sanidade. essa nova vida que eu levo, de festas, muita bebida, ficar com vários caras, sexo. desde quando me importo com sexo? bem, esta pessoa que vos fala agora se importa. mas esta pessoa não sou eu, nem sou eu de verdade. então enquanto me utilizo desse artifício pra tentar salvar a gente, porque eu conseguir esquecer você nem que seja por uns poucos momentos é a única forma de nos dar uma sobrevida, não consigo evitar em pensar que estou te afastando também. 

não é irônico que a única forma de nos salvar seja tomando uma certa distância de você? não é irônico que pra nos manter vivos preciso matar um pouco de você dentro de mim? mas aí eu nem sei mais o que eu sou e o que é você, então como saber exatamente o que eu estou querendo matar e o que estou matando? e como não culpar você por não tentar e por me deixar carregar tudo sozinho? como vou fazer pra me perdoar e te perdoar quando a gente acabar? e como me perdoo por ter vontade de terminar com tudo agora mesmo? me diga como me sentir com relação a você. me diz o que é que eu faço sem você. me diz até quando vou ter que fingir ser quem não sou. eu odeio que você tenha tanto poder assim sobre mim. quer saber? eu odeio você. odeio você por não poder te amar quando tudo que eu mais queria era isso.

não existe mais ninguém que eu possa culpar. 

eu queria que você não fosse assim tão perfeito. eu queria que você não fosse tão bonito e não tivesse esses olhos verdes que fazem os meus amigos todos se derreterem por você. eu queria que você fosse um pouco menos inalcançável, eu queria que você se abrisse mais comigo e falasse sobre os seus medos, inseguranças, anseios. eu queria me sentir como um igual pra você e tudo que eu mais queria era que você me enxergasse como um humano, assim como você, com qualidades e defeitos, inseguranças e medos, mas também sonhos e desejos, e estamos cheios de coisas em comum, não estamos? eu queria que você descesse um pouquinho do pedestal. porque eu só estou tendo que performar porque você performa também. mas se fôssemos transparentes um com o outro, nada disso seria necessário. tenho a sensação que você me enxerga como alguém menor. mais jovem, mais inseguro, menos assertivo, talvez mais carente. eu queria uma chance de demonstrar pra você que nós temos tanto em comum.

mas aí eu tenho que subir no pedestal. e aí eu vou estar fingindo ser quem não sou.

eu sou pequeno, eu sou frágil, eu sou uma explosão de emoções, eu gosto de arriscar, de me jogar de cabeça, amor pra mim é se entregar, eu não me contenho, eu falo o que eu penso e falo sobre o que eu sinto e dou risada nas horas mais estranhas, eu sou só alguém buscando viver. eu não quero ter que fingir. eu não quero atuar. qual é o problema de eu te mostrar o meu amor assim do jeitinho que ele é? ah, entendi, você não gosta dele.

você não está disposto a me amar como eu te amo.

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