das narrativas construídas em demolição

eu tenho me punido pelas ficções que crio na cabeça. eu tô cansado de me apaixonar pelas narrativas que eu construo porque elas fazem com que eu me sinta confortável só pra depois eu descobrir que o meu mundo é uma ilusão. sim, eu tenho me punido pela minha imaginação fértil dando sinal de vida no intervalo entre meus afazeres, eu cansei da minha imaginação e do meu coração criando coisas onde não existem só porque eu preciso acreditar em alguma coisa. eu me recuso a pensar na gente antes de dormir e quanto a isso eu não cedo de maneira alguma, mas o meu cérebro continua insistindo e produzindo aquelas imagens de nós dois em um futuro que nunca vai existir mais em lugar algum que não seja a minha própria cabeça. então eu luto contra mim mesmo e todo dia eu durmo um pouquinho mais triste, só pra evitar que eu acorde um pouquinho mais triste quando perceber que você nunca esteve aqui e só pra evitar que meu coração se parta em milhões de pedaços quando eu descobrir que você nunca me quis de verdade e até mesmo nunca gostou de mim tanto assim.

então eu luto contra mim e tento me impedir e me obrigar a ser consciente, pois de inconsequente já basta você, que fala essas palavras da boca pra fora, e graças ao bom deus que eu nem acredito mais nelas, se você me chama de príncipe eu deixo escapar uma risada de escárnio, se você me chama de seu poeta eu sinto nojo de você e quando você falou que só vou saber seu sobrenome do meio se me casar com você eu quis jogar você pra fora daquele carro. eu não acredito mais em você, felizmente. e demorou muito tempo pra eu aprender que você não dava assim tanta importância às palavras como eu dou. porque as palavras são importantes pra mim. porque quando você não tem amor e quando você é um excluído, as palavras são a única coisa que você tem.

mas você já teve o amor várias vezes e você não é um excluído.

eu estou cansado de pensar em você. eu tô cansado de pensar em como teria sido se aquele outro menino tão lindo por quem me apaixonei tivesse se apaixonado por mim também. e eu não quero nem mesmo pensar que aquele menino que faz aula comigo responde meus e-mails porque também gosta um pouquinho de mim. eu não queria pensar em nada disso, mas também não consigo me podar tanto.

pois se eu o fizer, me torno uma pessoa morta. preciso aprender a sonhar um pouco mas não sei fazer isso sem me ferir.

eu quero acreditar em signos, em ovnis e unicórnios. mas eu não quero nunca mais acreditar em você.

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