eu sou o próprio fim do mundo

você era uma peça que não encaixava na minha vida, mas eu tentava a todo custo. virava de ponta-cabeça, virava do avesso, trocava de posição, trocava de quebra-cabeça, inventava outro absurdo para fazer dar certo aquele encaixe. era inútil tentar encaixá-lo na minha vida, mas eu lutei contra tudo e contra todos. esqueci que quebra-cabeça não se força o encaixe: se a peça for adequada, ela se encaixa como se fosse natural.
nós não éramos algo natural. eu achava que éramos um fenômeno da natureza, e ninguém para fenômenos da natureza, ninguém pode com eles. encaixei artificialmente uma peça que nada tem a ver com a minha história, não somos fenômeno da natureza algum, fomos no máximo criados em laboratório. eu fui o primeiro a sucumbir ao teste.
sou peça solitária e fragmentada, cujos pedaços não se encontram. não sou ninguém no fim do mundo. sou o próprio fim do mundo.

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