essa não é a nossa última metáfora (ou como você fez de mim uma ilha)

a realidade do nosso relacionamento disfuncional ainda não foi esgotada e talvez nunca seja. e talvez por isso eu siga criando analogias e falando sobre a torre atingida por um raio, e sobre livros que nunca serão finalizados, e sobre projetos abortados, e sobre a música dos Beatles que você tocava, e talvez eu siga falando sozinho com as paredes cibernéticas de um blog até que eu me canse, até que meu corpo descanse e a vida não aconteça.

quanto tempo devo seguir escutando o eco da minha própria voz, eu não sei. mas definitivamente me ocorreu mais uma dessas analogias, só mais uma. e foi Fiona Apple quem me providenciou essa imagem do nosso relacionamento disfuncional, o encontro da lava vulcânica do meu corpo e da raiva que habita em mim com os oceanos cristalinos e estranhamente calmos das tuas retinas. você era como um oceano: repleto de mistérios. não queria tomar conhecimento das suas profundezas, onde a iluminação solar era incapaz de alcançar. você queria ser sempre assim: solar. e eu tão vulcânico dizia: "não fuja da intensidade, não fuja de você mesmo, ninguém é só o sol o tempo inteiro".

e foi assim que nosso trágico encontro aconteceu.

o encontro da lava com o oceano me imobilizou por completo. sei que sou excessivamente intenso e rebelde, por vezes intempestivo como um vulcão em erupção. só falhei em prever que as suas águas enfeitiçadas não conheciam a perturbação. nem poderiam conhecer: você não permitiria. 

o nosso amor, como a luz do sol, não tocou nada além da sua superfície. 

do nosso trágico encontro, você foi embora e fez de mim uma ilha. e aqui a minha voz ecoa no infinito. no infinito onde ninguém pode me escutar.

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