é você quem vejo no fim do mundo

você é o homem que me espera no fim do mundo, onde as ondas quebram e desaparecem, onde os gritos batem mas falésias e ecoam no infinito. deve ser o fim do mundo, e quem me espera nele é você. você não sabe o que dizer para me tranquilizar. você nunca soube. eu te peço para que diga alguma coisa. eu te rogo para que você diga que me ama. mas você não diz... embora até ame. você até ama, às vezes.

foi o pior pesadelo que eu já tive, estar com você no fim do mundo. antes parecia paradisíaco morrer ao seu lado, estar com você até o fim dos meus dias: um amor que sobreviveu a tudo, e só se viu arenoso diante do fim dos tempos. mas agora não existe nada de belo nem divino. o meu amor por você se transmutou em alguma forma de decepção que se escreve nos meus olhos. você enxerga. você sabe me ler, mas não sabe se ler. não sabe o que fazer com a minha decepção e não vai me dar as mãos no fim do mundo.

não é que você nunca aprendeu a me amar. é que você nunca soube se permitir me amar.

imagina que decepção. estar no fim do mundo diante de um homem que não sabe amar. ele não sabe dizer. ele é como um carro com o freio de mão puxado que eu tento empurrar. esse carro não vai andar. ele é como o meu grito, amplificado entre as pedras das falésias e que mesmo assim ninguém pode escutar. o amor dele é como as ondas que quebram e somem. eu não tenho a menor dúvida de que eu estou sozinho.

estar só e estar com você no fim do mundo dá no mesmo. mas eu lhe dou a minha mão. eu acolho o seus caos e digo que te amo. e faço isso porque eu sei que existimos. porque eu sei que vou acordar desse pesadelo, e quando isso acontecer, hei de perceber que ao contrário do esperado, o mundo vai continuar a girar. a vida vai ter que continuar. sem mim e sem você.

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