imagens disformes no espelho (ou como fomos patéticos)

o patético que habita em mim ainda se preocupa com o que você pensa.se você ainda me admira e se ainda vê em mim alguém interessante para se conversar sobre a vida, o mundo e os segredos do universo. o patético que habita em mim ainda se importa, mas não com você, apenas com o próprio orgulho. o patético que habita em mim quer alguma espécie de reconhecimento, talvez queira vingança. deseja ser ressarcido por ter aturado a tua comedidade, a tua frieza. e ao mesmo tempo quer parecer bom diante de você, mas especialmente quer ser bom pra você. 

o patético que habita em mim, contrariando inclusive o meu próprio desejo, quer provar a você que me deixar foi um erro, ainda que não tenhamos qualquer chance de voltar. meu desejo é que você se arrependa. o meu patético quer provar a você que eu sou tão bom e tenho tanta coisa a oferecer que você vai desejar nunca ter me deixado. há uma porção de coisas patéticas no meu patético e outras tantas patetices do nosso finado amor patético.

eu não tenho nada a provar pra ninguém. mas gostaria que você se arrependesse por ter me deixado. eu sei. é uma mistura de orgulho, mesquinharia e falsa benevolência. ainda que você se arrependesse, não me adiantaria de nada. não há como se consertar o que foi quebrado no dia que você partiu. e se foi você quem me afastou da sua vida, por que eu teria que ser bom pra você?

eu sei que poderíamos ter tido tudo e que a nossa dinâmica era muito bonita. sei que nem sempre valorizei isso, mas porque era insuportável estar ao lado de alguém tão claramente incapaz de amar. o que posso fazer? 

quem mais, além de mim mesmo, teria a coragem patética de se encarar no espelho patético e se apontar como o vilão da nossa patética história de amor?

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