Carta ao amor derradeiro



Você sempre quis viajar o mundo, eu lembro.                                                            
Você procura, procura, não sabe o quê,
mas tem esperanças de saber quando encontrar
a cura.

Espero que encontre na Espanha o que queria.
Não deixe de experimentar novos aromas.
Não deixe de torcer pelo Barcelona
ou mesmo o Almería.
Não deixe de experimentar um doce marroquino.
Não recuse a vinda do amor genuíno.
Não esqueça as fotos ao lado da Torre Eiffel
com a nova namorada.
Não se esqueça de lembrá-la como é amada.
Não deixe nunca de apreciar a arte.
Não deixe nunca de corresponder a Marte,
de onde brincávamos que vínhamos.
Não deixe de assistir aos espetáculos —
você sempre foi chegado a um.
Não deixe de visitar a Indonésia,
alguma Polinésia.
Não deixe de visitar os russos.
Não deixe de vencer os nacionalismos.
Não deixe nada te convencer de que a humanidade
não é esta coisa homogênea.
Não deixe de ajudar quem precisa.
Não deixe de dar a volta ao mundo.
Não deixe de notar a beleza africana.
Não deixe passar a excentricidade mexicana.
Não deixe de falar do Brasil.
Não se deixe apagar seu passado.
Não, não se deixe.
Não me deixe.

Acima de tudo,
espero que encontre a cura.

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