então fico aqui inutilmente atribuindo sentidos
hoje eu me peguei olhando algumas fotos antigas e algumas delas tinha você. quem eu estou querendo enganar? várias delas tinham você. você que era presença certa na minha vida. você que me habita desde a infância, quando nossos destinos tropeçaram um no outro pela primeira vez. como esquecer daquele meu aniversário em que convidei toda a nossa sala, mas só você esteve presente? eu poderia ter me chateado ou adquirido um grande trauma infantil, mas não me importei. você bastava.
e desde então, você estava sempre ali. e por um tempo, parecia que ia estar sempre ali. nunca pensei que pudesse haver uma vida sem você. mas há. e eu não sei se gosto dela.
mas se você estivesse aqui agora, o que garante que o meu sentimento seria diferente?
nada garante, talvez. mas não consigo deixar de pensar nesse talvez. e se eu tivesse podido estar presente, algo também poderia ter sido diferente pra você? porque você saiu devagarinho, devagarinho, eu quase não notei. e eu gostaria de ter notado. eu gostaria de ter prestado mais atenção. eu gostaria de ter te olhado e entendido o que estava acontecendo, como você sempre entendia comigo. eu sinto que já não tenho utilidade já que falhei com você. não foi? eu gostaria de ter sido mais útil de alguma forma, mas eu também entendo que, depois de tudo que você passou nos últimos anos, eu faça parte de uma época da sua vida que você deseja esquecer. então, você precisa me esquecer.
ou talvez eu não tenha falhado com você. talvez tudo aconteceu apenas porque sim. mas não posso aceitar. então fico aqui inutilmente atribuindo sentidos…
quem sabe em outra vida a gente consegue se entender.
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