o afeto de um homem cego

está ficando mais forte do que nunca. de fato, quanto mais longe você está, mais isso me alivia, como se me trouxesse um pouco de... paz? não é paz, é alívio. me traz alívio estar tomando alguma distância de você. você não percebe, mas estou cada vez mais distante, cada vez mais longe de você. e alguma hora devo escapar, devo pular a janela, fazer alguma loucura, talvez eu seja a mosca que vai pousar na sua sopa. já pensou?
tentei me enganar por algum tempo, quis me dizer que era só uma fase e que com o tempo nos sentiríamos melhor. mas aos poucos deixo de conseguir me iludir e percebo o quão fadados ao fim nós estamos. vejo como não conseguimos sair desse buraco e como você não percebe que afundamos. e eu fico tão desesperado com a sua cegueira que desejo culpá-lo por tudo, tudo, tudo.
que alguém retire as cataratas dos seus olhos. chamem os médicos, a polícia, os bombeiros. eu me apaixonei por um homem cego. um homem cego, de afeto opaco e volúvel. se eu não escapar primeiro, sei que ele vai.

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