Castelo de medos

Hoje um ficante sério de uma amiga disse pra ela que não queria mais ficar com ela, pois estava saindo com outra pessoa e ele não tinha mais vontade de ficar com ninguém. Fez isso assim, por mensagem, provavelmente por não ter coragem suficiente de dizê-la isso enquanto a olhava nos olhos, depois dos momentos que viveram e do envolvimento que tiveram. Era mais fácil avisar por mensagem, mesmo depois de ela ter se aberto tanto e ter se mostrado aberta ao diálogo, a ouvi-lo e a escutá-lo. No fim das contas, isso não importou.

Depois de escutá-la desabafar, fui embora com um gosto amargo na boca, porque as mágoas dela eram as minhas mágoas também e os meus medos eram os medos dela também. Depois disso, não consegui evitar em me perguntar, quanto tempo eu e você temos? Quanto tempo até que você não decida se afastar também? Eu tento afastar esses pensamentos porque você sempre me tratou tão bem e nossas conversas são tão fofas, mas ele também a tratava super bem e eles já ficavam há quatro meses e mesmo assim ele se limitou a terminar com ela por mensagem, como se o que tiveram fosse assim tão facilmente descartável, então se ele teve coragem de fazer isso com uma relação de quatro meses, por que diabos você não teria a mesma coragem com uma relação de pouco mais de um mês? Como vou te defender de mim agora, e das minhas inseguranças e incertezas? Como te defendo agora, que minha fé está tão abalada? Como confio em você agora, se sei o poder que você tem de me machucar caso queira? Como faço pra não transformar tudo isso em uma bola de neve e descontar em você?

Como faço pra voltar a ter sentimentos apenas bons por você e esquecer o que já fizeram comigo? 
Como que faço pra te contar sem com isso fazer com que você se afaste? 
Como me envolvo se tenho memória? 
Que culpa tenho se eu me lembro? 
Como que faço se me apavoro? 
Como paro esses pensamentos? 
Como te conto, mas sem chorar? 
Como te peço, mas sem implorar? 
Como demonstro, mas sem assustar? 
Como que eu lido, mas sem te culpar?
Como me afasto, mas sem me culpar?
E como faço pra te ver e não ter medo do seu olhar?
Como perco o medo de você me machucar?
E como te digo que, em um mês, já fomos longe demais?
Como que falo que a gente deve recuar?
Como faço isso sem te magoar?
E sem me magoar? 

O que é que estamos fazendo? Do que achamos que estamos brincando? E por que somos tão irresponsáveis? Onde é que estamos com a cabeça? Ontem brincamos que eu era a princesa e você era o príncipe, como fazem aqueles ridículos casais bobos e apaixonados, inconsequentes como só adolescentes seriam, mas o que eu faço se você não estiver apaixonado e se não for se apaixonar? E como vai ser quando nos lembrarmos que não somos mais adolescentes? E se o castelo que construímos em nossas brincadeiras for de areia? O que é que eu faço se um dia você me abandonar? Com que coragem vou andar pelo castelo vazio sem a sua presença, inútil se você não está lá, pesado se não posso escutar mais a sua respiração? Com que coragem vou dizer aos criados que você foi embora e não volta mais, e que agora sou só eu? E como vou ressignificar os apelidos que você me deu? E por que você usa o diminutivo comigo, se nem gosta de mim e se vai me abandonar em alguns meses? 

Quanto tempo até que você vá embora?

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