Vou-me embora num redemoinho

sempre fui assim meio sozinho
eu e meus redemoinhos
meus afagos, meus carinhos
carentes de um destinatário
eu, que me cria livre feito um sagitário —
ai! eu não sou livre não

o amor é um cão selvagem
fica à espreita no quintal
diz, procurando malandragem:
— daqui você só sai num vendaval
que te obrigue a aprender a voar:
de onde estou não posso farejar o mar

sempre fui assim meio sozinho
o menino estranho no ninho
não fala por si depois de um gole de vinho
e quer ser livre
e quer ser passarinho

num impulso de coragem,
cão selvagem,
abra os olhos e verá que não estou mentindo —
mais cedo do que imagina estarei partindo:
hei de ser passarinho
indo embora num redemoinho

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