Apartheid no amor

Vossa Santidade, o Amor.
Baleado a tiros em seu apartamento.
Vítima do mais sangue-frio estrangulamento.
Está em todos os jornais, esfaquearam o Amor.
E por causa do sangue, escureceu.
E por que escureceu, vive na sombra
dos que nunca foram amados.

E quem são os bem afortunados que o conheceram
e choram em seu velório?
Eles andam de branco, vestem a moda
do relacionamento afetivo, são todos iguais,
mas vestem o discurso do amor que é relativo.

Assassinaram o Amor.
Tudo bem, ele nunca foi democrático.
Sempre foi aristocrático e você nunca percebeu.
Mas o amor me bebeu e me fez ver barbaridades
quando eu achava que era a solução.

É nas profundezas de sua sacralidade
que esse fogo revela-se uma convenção,
que, entre algumas gentes, amor é raro.
Mas sendo você loiro do olho claro
está prescrito na Constituição.

Comentários

  1. A quem interessar possa, alguns dados:
    53% das mulheres solteiras são mulheres negras;
    70% dos casamentos no Brasil ocorrem entre pessoas da mesma raça/etnia;

    Na década de 80, o índice era de 80%.

    Outros pontos:

    Experimento Clark;
    Predominância (descarada) de mulheres e homens brancos em comerciais e propagandas;

    Deixo a seguinte reflexão: o belo é relativo ou há um padrão imposto sobre nossas cabeças?

    Amor pra quem?

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