São Paulo bebe vergonha
Aquele foi um dia difícil na casa do nosso
governador.
Chegou em casa exausto, seus adversários
políticos o pressionavam de todos os lados. E a água, seu governador? O senhor
foi avisado, eles diziam, que São Paulo poderia passar por um longo período sem
chuvas que afetaria os reservatórios da grande São Paulo.
Infelizmente para o povo brasileiro, mas
não tão infelizmente para nosso governador, outros estados da região Sudeste
também acenderam o sinal amarelo. Agora quem iria culpar nosso governador de
negligência? A história da política brasileira é um somatório de negligências
atrás de negligências e agora querem crucificar o pobre coitado.
“E eu lá tenho culpa se não choveu?” ele
tinha vontade de responder. Claro que não tinha, afinal, se existe um culpado,
este certamente é São Pedro. Imagine só, um velho barbudo acima das nuvens que
não faz nada além de puxar alavancas e apertar os botões que controlam o tempo.
Um desserviço à humanidade. Deve ter cochilado no serviço e se esqueceu de
fazer chover. Deveria ser “impeachado”, no mínimo!
Ah, pobre do nosso governador.
Ele ouviu dizer de estudiosos que a
ausência de chuvas era consequência direta do desmatamento. Até que fazia
sentido: A evapotranspiração das árvores formam os “rios d’água”, imensas
massas de vapor d’água responsáveis por grande parte da chuva que acontece aqui
no Sudeste. Sem árvores, sem chuvas. Agora estava tudo explicado: era culpa da
Amazônia! E tentavam culpar o nosso pobre governador o tempo todo.
O racionamento de água na região
metropolitana de São Paulo era inevitável, mas nosso governador não anunciaria
racionamento em plena campanha eleitoral! Imagina, a reputação dele desceria
aos cafundós de Judas. Teve uma ideia: oficializaria o racionamento às
escondidas.
Chegou em casa e sua mulher estava aos
berros. Estava tomando banho quando, de repente, a água parou de cair!
Coooooomo assim faltou água na casa do nosso governador? Ah, o senhor venha cá
resolver, seu governador, sua mulher está toda ensaboada ainda, coitada.
Ah, pobre do nosso governador.
Ele havia se esquecido de avisar a mulher
sobre o possível racionamento. Respirou fundo, contou até três e contou tudo à
mulher.
Ela o encarou como se nunca tivesse visto
nada igual na vida.
“Então é isso?”
O nosso governador assentiu. De súbito, a
primeira dama se enrolou na toalha de linho branco felpuda e catou as panelas
gourmet na cozinha. A primeira dama se dirigiu à janela do seu apartamento
luxuoso e se esticou toda, gritou um berro indignado e agudo:
“FORA, DILMA!”
E bateu as panelas. Seu grito foi
acompanhado pelo de várias pessoas penduradas nas janelas de seus apartamentos
e até casas, São Paulo foi o fuzuê, pessoas estavam revoltadas com o descaso do
governo. Ah, mas a presidente que tomasse vergonha na cara, faça-me o favor.
Sempre faltou água no Nordeste e ninguém
nunca falou nada, veja bem, mas isto aqui é São Paulo! Quer saber, seu
governador? Nós não permitiremos! Vou bater as panelas também. Faltar água em
São Paulo é caso sério, merece atenção nacional, internacional se eu conseguir
convencê-los. E eu não vou deixar que acusem o senhor, seu governador, o senhor
que defende a Redução da Maioridade Penal quando seu partido está em meu estado
há 20 anos, ou seja, uma geração. A juventude atual é filha do seu partido.
Ah, pobre do senhor, governador.
Comentários
Postar um comentário