Meu nome é fraude

Quem me vê lendo pensa que estou estudando, que sou culto (ainda existe isso?), que é coisa de gente inteligente (valha-me cristo). Ninguém sabe que eu sou uma farsa e nunca fiz questão de revelar meu segredo. Mas eu só leio porque tenho esperanças de ser transportado para outro lugar. Gosto de pensar que não estou aqui, que não sou eu. Prefiro imaginar que sou vários, que não estou limitado a este corpo, que só pode estar em um lugar a cada tempo. Quero sentir, me impressionar, sofrer, chorar, mas ter o direito de fechar o livro quando bem entender para poder voltar a abri-lo quando eu bem quiser. Posso pular as páginas que não acho interessantes, recostado à minha cadeira confortavelmente, mesmo que à beira de um acesso por conta de algum parágrafo inquietante. É mais fácil lidar com problemas quando sei que eles não são reais, embora não há nada que realmente me convença de que isto aqui é real.

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